RIBEIRO, D. F. Representações sociais sobre projeto de vida de adolescentes em medidas socioeducativas. 78 p. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. 2018.
Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/30984
Resumo: As representações sociais sobre projeto de vida de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas são complexas e pressupõe a necessidade de melhor compreensão de seus contextos de vida. É crescente a problemática da violência envolvendo o público adolescente e cada vez mais precoce sua vinculação ao Sistema de Justiça Juvenil. A inserção do adolescente na socioeducação pode interferir na representação de seu projeto de vida, compreendido como a construção dinâmica da identidade, sendo um processo que ocorre de forma permanente e que repercute em todas as esferas da vida. Objetivo: Diante do exposto, o objetivo desta pesquisa foi analisar as representações sociais sobre projeto de vida de adolescentes em medidas socioeducativas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que teve como cenário uma unidade socioeducativa de semiliberdade em Pernambuco. Os participantes foram adolescentes masculinos da referida instituição. O processo de coleta de dados ocorreu entre os meses de abril a setembro de 2017. Material: Foi utilizado o Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema e um roteiro de entrevista semiestruturado. A triangulação de dados constituiu uma estratégia essencial para o aprofundamento dos resultados apreendidos. Os dados textuais oriundos das entrevistas compuseram o corpus de análise submetido ao Software IRAMUTEQ. Nesta ferramenta, houve a análise estatística em Classificação Hierárquica Descendente com a geração de três classes apresentadas em um dendograma. A análise deste estudo foi interpretada e discutida à luz do referencial da Teoria das Representações Sociais. O conhecimento de senso comum, expresso em suas falas, reforçam a ideia de que esses indivíduos estão imersos passivamente as lógicas exógenas de seus contextos de vida. O grupo é caracterizado por residir em áreas de periferias marcadas por condições de pobreza, violência e convívio com a discriminação social e a invisibilidade frente as medidas protetivas que lhes deveriam assegurar um crescimento e desenvolvimento em articulação ao cuidado integral. Os relatos das entrevistas carreiam possibilidades de superação e construção de projetos de vida. O enfrentamento das adversidades e processos de exclusão que envolve esses adolescentes em contexto de ressocialização requer o engajamento dos profissionais de saúde, educação e apoio social na ressignificação dos modos do pensar e agir no acolhimento em promoção à saúde dos mesmos, de modo que se permita a aquisição de novas perspectivas de futuro e a ampliação de possibilidades no processo socioeducativo em defesa do acesso aos direitos humanos. Conclusão: Conclui-se que a construção de projetos de vida é essencial e preditiva de cidadania, o incentivo reflexivo ao desenvolvimento de planos para o futuro é uma estratégia eficaz de promoção da saúde e prevenção da violência. O enfermeiro constitui agente promotor de uma formação integral a esse público, e deve buscar compreender os percalços da trajetória de vida desses adolescentes e desenvolver estratégias favoráveis ao planejamento e alcance de seus projetos de vida em consonância com a defesa de sua saúde e da coletividade. Sugere-se o desenvolvimento de novas pesquisas com abrangência ao público feminino, e de intervenções, que possam estimular a emancipação desses indivíduos, no exercício da cidadania, como um compromisso ético, político e social.