ZAVAGLIA, M. M. F. A experiência vivida de mães de filhos diagnosticados como autistas e sofrimento social. 106f. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campina (SP), 2020.
Disponível em: http://tede.bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br:8080/jspui/handle/tede/1327
Objetivo: O presente estudo tem por objetivo compreender psicanaliticamente a experiência vivida de mulheres que têm filhos que apresentam condições especiais, as quais, afetando a conquista de independência e autonomia, exigem cuidados constantes e duradouros, que podem se estender por toda a vida. Justifica-se como produção de conhecimento clinicamente relevante no acompanhamento de mães que lidam com situações problemáticas na sociedade contemporânea, na qual vigem imaginários coletivos que, sendo fortemente exigentes em relação às formas como se concretiza a maternidade, geram sofrimentos sociais. Organiza-se como pesquisa qualitativa com método psicanalítico, a partir da utilização de um artificio metodológico, que consistiu na tomada de uma situação emblemática que se define pelo fato do filho ter sido diagnosticado como autista. Material: O material de pesquisa foi produzido a partir de quatro entrevistas psicológicas individuais de mães de crianças autistas durante as quais foi usado o Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema. As entrevistas, registradas sob forma de narrativas transferenciais, foram consideradas, juntamente aos desenhos e as histórias, em termos da produção interpretativa de campos de sentido afetivo-emocional, vale dizer, de inconscientes intersubjetivos. Por essa via, chegamos à criação/encontro dos seguintes campos de sentido afetivo-emocional: “É culpa da mãe”, “Dedicando-se exclusivamente” e “Cuidado espontâneo”. Resultados: O quadro geral revela que a maternidade, no contexto do autismo, pode ser vivenciada de duas maneiras distintas, que podem ir se alternando ao longo da experiência materna. Se por um lado, a vivência materna pode envolver fortes exigências e pressões autodirigidas ou vindas do ambiente externo, por outro, pode fluir como gesto espontâneo de atenção com alguém que demanda cuidado especial, o que favorece a emergência de sentimentos autênticos de gratificação e carinho.