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Repercussões psicológicas do desastre natural: o que dizem as crianças do Vale do Itajaí/SC

CUNHA, M. P. Repercussões psicológicas do desastre natural: o que dizem as crianças do Vale do Itajaí/SC. 193 p. Tese (Doutorado). Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Florianópolis, 2018.

Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/193633

Resumo: Os desastres naturais na região Sul do Brasil, especificamente no Vale do Itajaí/ SC, são recorrentes e, em sua grande maioria, ocorrem devido às enchentes e atingem crianças e adultos. No caso das crianças, a experiência de ser exposta ao desastre natural pode culminar em uma situação de vulnerabilidade ou ainda deixar marcas na vida adulta. Objetivo: Sendo assim, por meio da presente tese, pretendeu-se compreender as repercussões psicológicas em crianças atingidas por desastre natural. Para responder ao supracitado objetivo a pesquisa teve caráter exploratório, de abordagem qualitativa. Foi realizada com participantes escolhidos intencionalmente, isto é, crianças e familiares que passaram pela enchente de 2011 e embasou-se no referencial psicanalítico. Ao total, 44 pessoas fizeram parte dessa investigação, dentre as quais 22 eram crianças e 22 seus respectivos familiares. Material: Para a coleta de dados foi utilizada uma entrevista semiestruturada com o familiar, outra com a criança e, em seguida, a aplicação do Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema. Nessa, solicitou-se que a criança realizasse cinco desenhos com temas específicos: livre, como se sentiu com a enchente, como se sentiu durante a enchente, como se sentiu após a enchente e, por último, o que ou quem a auxiliou no enfrentamento das experiências ligadas ao evento de 2011. Todos os áudios foram gravados, transcritos e sistematizados com o auxílio do Atlas/Ti 7.0. Em seguida, para a análise das entrevistas e da história foi utilizada a análise de conteúdo categorial, proposta por Bardin. Resultados: Ao compilar os dados obtiveram-se as seguintes categorias de análise: 1. A enchente, 2. A enchente e seus impactos, 3. Fatores de risco, 4. Fatores de proteção e 5. Redes de apoio. Com o primeiro elemento de análise, constatou-se que a enchente de 2008 ficou marcada pelas Lembranças da destruição e o Inesperado em 2008. Com a enchente de 2011, reforçou-se a Preparação da comunidade, as Mudanças na rotina familiar durante e após o evento, as Perdas materiais e a Reconstrução por parte dos atingidos. Como impactos, destacaram-se: a Ambivalência e a Tristeza por parte das crianças; o Medo, a Alegria, a Hipervigilância e o Esquecimento por parte dos familiares e das crianças frente ao evento de 2011 e a Ansiedade e os Pesadelos por parte dos adultos. A Vulnerabilidade social, os Vínculos familiares fragilizados e o Silenciamento sobre a enchente foram os fatores de risco predominantes. Já os fatores de proteção apontados foram: a Espiritualidade, o Acolhimento na escola, o Fortalecimento dos vínculos, o Brincar, a Solidariedade, isto é, a importância daquele para a criança e a solidariedade entre vizinhos. O Desempenho escolar e os Cuidados maternos também foram apontados como fatores protetivos. E, por fim, para caracterizar as redes de apoio os Familiares foram assim reconhecidos por meio das palavras de conforto e na preparação das refeições. Portanto, reitera-se o olhar da Psicologia sobre o fenômeno da enchente, uma vez que no Plano Municipal de Contingência deveria ser abordado também acerca da saúde mental ao serem enfatizados os cuidados com as crianças durante e após o período das cheias. Destaca-se a importância de trabalhar a prevenção junto às crianças com a finalidade de que as perdas não sejam reativadas e, mais, que as marcas do evento sejam evitadas.

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