Simbolismo do cuidado para crianças em acolhimento institucional.

PENHA, M. R. dos S. Simbolismo do cuidado para crianças em acolhimento institucional. 147 p. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife (PE), 2022. 

Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/48332

Resumo: As crianças como seres sociais, constroem nas relações com a sociedade os seus significados para as coisas. Elas podem expressar os significados atribuídos por intermédio de histórias, brincadeiras e outras abordagens lúdicas. A interação social no ambiente institucional pode ressignificar a compreensão que a criança tem do mundo, inclusive do cuidado. A institucionalização pode ser compreendida como o afastamento do convívio com a família biológica, onde a criança é protegida pelo Estado por violações dos seus direitos. A ruptura e fragilidade nos vínculos familiares e sociais podem prejudicar os processos de cuidado e autocuidado da criança, trazendo prejuízos a sua boa saúde e desenvolvimento. O enfermeiro como membro da equipe multidisciplinar pode utilizar estratégias de educação em saúde e educação permanente que contribuam com o cuidado da criança no ambiente de acolhimento. Este estudo teve por objetivo desvelar o simbolismo do cuidado para crianças em acolhimento institucional. Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo, exploratório, realizado em instituições de acolhimento na cidade do Recife/PE, com 18 crianças entre sete e dez anos. A amostra foi delimitada pela saturação teórica dos dados. A coleta de dados ocorreu, nos meses de outubro de 2021 a março de 2022, seguindo os pressupostos da Teoria Fundamentada nos Dados, utilizando-se o Procedimento de Desenhos-Estórias. Os dados foram analisados à luz do Interacionismo Simbólico. A pesquisa teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco. Dentre os participantes do estudo 10 eram do sexo masculino, com tempo de institucionalização variando entre um e vinte e um meses. Em relação ao principal motivo para institucionalização, foram referidos a negligência, violências e abandono. A análise dos dados resultou em três categorias: reafirmando o cuidado como papel da família; tornando a alimentação um símbolo do cuidado; ampliando o olhar sobre as múltiplas esferas do cuidado e o fenômeno central foi adotando o autocuidado como uma expressão de cuidado. As crianças institucionalizadas expressam o autocuidado como um símbolo do cuidado. Partindo de suas interações com seus cuidadores as crianças interpretam as ações de cuidados recebidas e internalizam essas práticas construindo para si, rotinas de autocuidado e contribuindo com a cultura de cuidado com o corpo, representados pela provisão de necessidades físicas. Ademais, considera-se necessária a potencialização dessas práticas de autocuidado na promoção de ações educativas capazes de fortalecer as competências já desenvolvidas e acrescentar novos conhecimentos à criança como símbolo do seu autocuidado. A inclusão de outros profissionais, como os enfermeiros, pode contribuir no desenvolvimento dessas práticas de educação em saúde fortalecedoras do autocuidado e a realização de atividades de educação permanente que capacitem os profissionais nas casas de acolhimento. Além disso, o enfermeiro pode atuar na articulação das ações de saúde e assistência social realizadas em prol da melhoria e manutenção dos cuidados aos acolhidos.

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