DIAS, M. A. A maternidade no contexto da fibromialgia: desafios e demandas. 45 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia (MG), 2021.
Disponível em: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/33194
Resumo: A fibromialgia caracteriza-se como uma síndrome reumatológica de etiologia desconhecida, sendo o principal sintoma as dores musculoesqueléticas crônicas, as quais geram limitações físicas. Além da vulnerabilidade física, há a vulnerabilidade social, devido à incompreensão, descrédito e exclusão da família, do trabalho e da sociedade como um todo. Mulheres adultas, público mais afetado, lidam com tais questões e as vivências da maternidade. Apesar das mudanças sociais a respeito da maternidade, ainda há uma naturalização do cuidado materno à mulher, o que pode ser fonte de sofrimento, indireto ou direto, à elas, principalmente sem o suporte de uma rede de apoio. Assim, mulheres-mães acometidas pela fibromialgia precisam lidar com as questões que envolvem a síndrome e a maternidade. Deste modo, este estudo buscou compreender as vivências da maternidade de mulheres com fibromialgia e como o adoecer pode influenciar – negativamente ou positivamente – a experiência de ser mãe. Trata-se de estudo clínico-qualitativo que se caracteriza como um recorte de uma pesquisa mais ampla. A coleta de dados ocorreu por meio de uma entrevista grupal com mediador dialógico Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema [D-E (T)] para nortear a entrevista. As entrevistas foram gravadas, transcritas, submetidas a leitura flutuantes e analisadas a partir da obra de Winnicott. As duas participantes desse estudo apresentaram espontaneamente relatos – não analisados anteriormente – sobre as vivências da maternidade. Os resultados indicaram que ambas participantes precisaram buscar por cuidado em saúde multidisciplinar, já que as dores não melhoraram apenas com a prática medicamentosa e estavam influenciando na maternidade. As dores interferiram nas atividades diárias realizadas em casa, no trabalho e no cuidado dos filhos de ambas participantes, além disso, elas não tiveram apoio dos familiares e um ambiente que pudessem facilitar o cuidado com os filhos e auxiliar em relação aos desafios da síndrome e da maternidade. Porém, mesmo com as dificuldades e a falta de um ambiente facilitador, as participantes demonstraram o desejo de cuidar dos filhos e tentaram realizar mesmo com as limitações. Assim, os resultados apresentaram a importância do auxílio dos profissionais de saúde e dos familiares na rede de apoio a mulheres-mães com fibromialgia. Nesse sentido, é essencial novos estudos em que sejam considerados o cuidado multidisciplinar fornecido por profissionais de saúde às mulheres com fibromialgia e a necessidade da rede de apoio na construção da maternidade.