FERNANDES, A. A. Depressão e trabalho: relações segundo o imaginário coletivo de um grupo de comerciários. 2020. 60 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia), Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia (MG), 2020.
Disponível em: http://doi.org/10.14393/ufu.di.2020.455
Resumo: A presente dissertação é constituída por dois estudos que se complementam. O Estudo 1 se afigura como uma revisão da literatura sobre o emprego do conceito de imaginário coletivo em sua acepção psicanalítica. Dessa forma, o Estudo 1 fornece contextualização teórico-metodológica ao Estudo 2, o qual explorou empiricamente uma faceta específica da depressão no meio laboral. Objetivo 1: O Estudo 1 teve como objetivo estabelecer um panorama da produção científica nacional veiculada no formato de artigos empíricos e consagrada à exploração psicanalítica do imaginário coletivo. Material: O corpus de análise foi composto por 23 referências, selecionadas a partir de buscas realizadas junto a bases de dados. Resultados: Constatou-se que a produção científica nacional consagrada ao assunto proporciona, em diferentes públicos, a demarcação do cerne não-consciente das subjetividades grupais no tocante a uma variedade de fenômenos, bem como evidencia que o imaginário coletivo, conforme psicanaliticamente concebido, não se resume a um conjunto de conteúdos exclusivamente intrapsíquicos, mas, sim, abarca diversas manifestações humanas conectadas a regiões intersubjetivas que se constroem a partir das interações cotidianas. Verificou-se também que, de forma geral, as referências selecionadas podem ser consideradas consistentes do ponto de vista metodológico. Objetivo 2: O Estudo 2 teve como objetivo compreender as relações existentes entre depressão e trabalho segundo o imaginário coletivo de um grupo de comerciários. Os participantes foram nove comerciários que atuavam em duas lojas de uma mesma rede varejista de móveis e eletrodomésticos. Material: O instrumento utilizado foi uma entrevista grupal norteada pelo Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema. O corpus de análise foi submetido a leituras flutuantes, especificamente direcionadas à formulação de interpretações acerca dos sentidos não-conscientes que estruturam o imaginário coletivo dos participantes sobre a depressão. Resultados: Em síntese, constatou-se que, conforme os participantes, a depressão afeta severamente a funcionalidade, inclusive no contexto do trabalho. Porém, o meio laboral não foi enfatizado como disparador das frustrações que, para a maioria deles, desencadeariam a depressão. E o sentimento de solidão, apontado tanto como causa quanto como consequência da depressão, foi circunscrito à vida pessoal. Logo, viabilizou-se a identificação de algumas relações (im)possíveis entre depressão e trabalho segundo o imaginário coletivo de um grupo de comerciários.