ALVES, S. F. T. Efeitos da internação sobre a psicodinâmica de adolescentes autores de ato infracional. 230 p. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Psicologia da USP. São Paulo (SP), 2001.
Disponível em: ReP USP – Detalhe do registro: Efeitos da internação sobre a psicodinâmica de adolescentes autores de ato infracional
O presente trabalho busca estudar as alterações na psicodinâmica de adolescentes privados de liberdade, através do diagnóstico psicológico do tipo compreensivo e verificar os aspectos afetivos-emocionais destes adolescentes no início, e após seis meses de internação na FEBEM-SP. Não encontramos estudos a esse respeito na bibliografia pesquisada. Os sujeitos são três adolescentes do sexo masculino, sem o cometimento de homicídio, sem déficit mental ou comprometimento psiquiátrico; primários na medida socioeducativa de internação, com idades de 14, 15 e 17 anos e suas famílias. Utiliza como instrumentos observação de campo, entrevistas e técnicas projetivas. Procedimento de desenhos-Estórias e entrevista Psicodiagnóstica com os adolescentes e pais, diferentes profissionais da FEBEM-SP também foram entrevistados. Os dados deste estudo sugerem que as interações interpessoais na família destes sujeitos tendem para o empobrecimento do diálogo e trocas afetivas. Os pais são distantes do contato com o filho e não se responsabilizam pela sua implicação no sintoma apresentado pelo adolescente. A internação é um tempo no qual o sujeito fica privado das relações do seu grupo social para sua reeducação. O tempo de internação não é sem consequência, uma vez que se observou uma acentuação da presença de mecanismos de defesa mais regredidos na relação com o meio, com o predomínio da pulsão de morte. Conclui-se que estes sujeitos não foram auxiliados por esse tipo de internação que não os ajudou na ressignificação de seus atos delitivos. A internação originou consequências desfavoráveis à adaptação social e um agravamento no estado emocional dos mesmos. Não possibilitou a eles o deslocamento para novas nomeações, para um canal de simbolização e ressignificação no envolvimento com atos delitivos, uma vez que a instituição continuou cristalizando a cronificação destes adolescentes pelo nome que é reconhecido: “ser infrator”.