HALLAGE, A. G. Efeitos psicológicos das cardiopatias congênitas sobre o paciente e a família. 161 p. Tese (Doutorado) – Instituto de Psicologia da USP. São Paulo, 1988.
Objetivos: Investigar os efeitos psicológicos das cardiopatias congênitas sobre o paciente e sua família, e levantar hipóteses sobre a etiologia de possíveis problemas emocionais, relacionados à formação da personalidade do cardiopata congênito e às experiências vivenciadas no curso da cardiopatia. Métodos: São realizados 121 estudos de casos, compreendendo a participação de pacientes de diversas idades e seus genitores, nos quais o procedimento usado consiste em entrevistas psicológicas e no Procedimento de Desenhos-Estórias, este para os pacientes com idades entre cinco e quinze anos. Resultados: Geralmente, nos momentos de diagnóstico, acentuam-se mecanismos maníacos e paranóides, que levam o paciente e a família a negar a realidade ameaçadora da cardiopatia. O estudo evidencia que as cardiopatias causam uma ferida narcísica nas mães, gerando superproteção e, em função da hostilidade inconsciente, os cuidados oferecidos não possibilitam aos afetados a capacidade de tolerar frustrações. Ocasiona uma fragilidade emocional, que atua como obstáculo ao enfrentamento das implicações advindas do quadro. Conclui-se que além da formação congênita, o cardiopata possui um “defeito imaginário”, a marca de um estigma, que não pode ser corrigido com a cirurgia e que encontra sentido no vínculo com a mãe.