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Encontros com o cuidado infantil e a maternidade: investigando imaginários coletivos

VISINTIN, C. D. N. Encontros com o cuidado infantil e a maternidade: investigando imaginários coletivos. 209 p. Tese (Doutorado em Psicologia) – Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Centro de Ciências da Vida, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Campinas (SP), 2021. 

Disponível em: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/handle/123456789/15591 

Resumo: Esta tese objetiva investigar imaginários coletivos sobre o cuidado infantil e a maternidade. Justifica-se como produção de conhecimento compreensivo que pode contribuir para aprimorar a clínica psicológica, em vertentes preventivas e interventivas, bem como trazer subsídios para movimentos sociais que visem proteger a infância e melhorar a condição de vida da mulher. Articula-se metodologicamente por meio da abordagem de 36 estudantes de medicina, escolhidos como participantes por estarem engajados numa formação que propicia proximidade com mães, que são as acompanhantes habituais de crianças quando essas demandam atendimentos médicos. O material foi produzido em entrevistas psicológicas coletivas organizadas ao redor do uso do Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema. A consideração psicanalítica do material permitiu a produção interpretativa de cinco campos de sentido afetivoemocional, nomeados como “Sublime amor”, “Mater dolorosa”, “Dedicação exclusiva”, “Conciliando atividades” e “Nem fada, nem bruxa”. Tais campos se configuram segundo dois arranjos imaginativos diferentes, formando dois supracampos: “Mãe-maravilha” e “Mulher comum”. Em conjunto, os resultados interpretativos apontam para um predomínio de marcada idealização da figura materna, imaginada como biologicamente preparada para ser forte, poderosa e capaz de generosidade ilimitada. Colocando-se como padrão inalcançável para as mães reais e concretas, tal idealização gera efeitos nocivos sobre a subjetividade feminina, servindo, portanto, à opressão da mulher. Além disso, carrega, de forma subliminar, a insinuação de que aquela cuja conduta não segue à risca o esperado estaria, de algum modo, violando leis da natureza. Aparecem, também, ainda que de modo raro, concepções segundo as quais o cuidado infantil, seria tarefa materna, mas não exigiria que a mãe fosse uma pessoa extraordinária. Por outro lado, constata-se a ausência de concepções vinculadas à ideia de que cuidar é trabalho reprodutivo, que pode ser assumido por adultos independentemente de sua condição de gênero. O quadro geral aponta para certo conservadorismo, no âmbito do qual ainda não despontaram visões que permitam que o cuidado infantil direto, um dos trabalhos de maior efeito na realização do potencial ético e afetivo do ser humano, possam ser compartilhados entre homens e mulheres adultos, não apenas no âmbito da família nuclear, mas também da família extensa, da comunidade e das instituições sociais. 

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