Eu ainda não falei, eu quero falar! – os sentidos de escrita atribuídos por crianças pré-escolares

VALENTE, R. S. Eu ainda não falei, eu quero falar! – os sentidos de escrita atribuídos por crianças pré-escolares. 219 f. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Educação). Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém (PA), 2018. 

Disponível em: https://repositorio.ufopa.edu.br/jspui/handle/123456789/270

Objetivo: Sustentada pelos aportes da Teoria Histórico-Cultural – THC, a presente pesquisa tem como objeto de estudo a linguagem escrita na educação infantil e se delineia com o objetivo de compreender os sentidos atribuídos à linguagem escrita por crianças de pré-escolas públicas e particulares do município de Santarém-Pará. O estudo parte do pressuposto de que a criança é um ser social e desde pequena é capaz de estabelecer relações com o mundo da cultura, se apropriar dos significados e atribuir sentidos a ele. Da mesma forma, compreende que a linguagem escrita é um instrumento cultural complexo, essencial no processo de humanização pelo qual passam todos os seres humanos. No entanto, o sentido de escrita para a criança dependerá de como concebemos a cultura escrita e de como a apresentamos a ela. Tendo em vista os princípios teórico-metodológicos da abordagem histórico-cultural, que se referem à análise do processo, centrando-se na essência do fenômeno, e não em sua aparência, desenvolvemos uma investigação de campo em duas instituições de Educação Infantil, uma da rede pública e outra da rede privada de Santarém – Pará, no período de abril a julho de 2017. Participaram como sujeitos da pesquisa 38 crianças com idade entre 5 e 6 anos das respectivas instituições. Material e Método: Como procedimentos metodológicos realizamos: observação participante e entrevistas individuais e coletivas por meio das técnicas Histórias para Completar, Procedimento de Desenhos-Estórias e Passeio. Adotamos como estratégias de registros o diário de campo, fotografias e gravação de voz e vídeo. Resultados: Os dados produzidos nas observações permitiram constatar que as experiências propostas às crianças em ambas as instituições (pública e particular) ainda não congregam a compreensão de que esta linguagem escrita se desenvolve a partir de práticas que enriqueçam as experiências com a cultura e as possibilidades de expressão da criança pelo desenho, pelo brincar, além do contato com objetos da cultura escrita que envolve essa atividade. As análises dos dados das entrevistas sinalizaram, num primeiro momento, que os diferentes sentidos atribuídos à linguagem escrita pelas crianças pré-escolares, não condizem com a sua função social da escrita. Estes certamente são influenciados pela maneira como as professoras têm concebido e conduzido as vivências e experiências com a linguagem escrita, bem como pela forma como consideram as especificidades das crianças e suas infâncias nesta primeira etapa da educação. Num segundo momento, pelo fato de aproximarmos as crianças de situações reais de escrita, observamos que elas atribuíram sentidos apropriados à sua função social, indicando uma relação mais consciente com a aprendizagem dessa atividade. Conclusão: Portanto, buscar compreender os sentidos atribuídos à escrita na pré-escola, tendo a criança como sujeito capaz no processo de pesquisa, permitiu evidenciar a necessidade de mudanças, por meio de práticas pedagógicas, que possam contribuir de fato para a inserção da criança no mundo da cultura escrita de forma que esta perceba a escrita não como sinônimo de letras e sons, mas como instrumento cultural que permite a comunicação, o registro da expressão e do conhecimento humano em sua forma mais elaborada.

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