COSTA, L.C.R.; et al. Experiências da autolesão não suicida para adolescentes que se autolesionaram: contribuições da teoria psicanalítica winnicottiana. Texto Contexto Enferm., [Internet], 30:e20190382, 2021.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2019-0382
Objetivos: identificar e analisar os elementos presentes na experiência da autolesão não suicida por adolescentes que se autolesionaram. Métodos: pesquisa qualitativa, com coleta de dados realizada no período de agosto a outubro de 2019 por meio de Consultas Terapêuticas Individuais, mediadas pelo recurso dialógico Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema. As participantes foram oito adolescentes que referiram autolesão em uma escola de um município do interior de São Paulo, Brasil. A análise temática foi desenvolvida a partir dos dados, ancorada na teoria psicanalítica winnicottiana. Resultados: foram identificadas duas categorias temáticas: “acho que não tenho importância para ninguém”; e “não vejo o colorido de antes”. Os elementos presentes nas experiências das adolescentes sobre a autolesão não suicida destacaram a importância de um ambiente, físico e relacional, que ofereça holding e seja capaz de integrar características do próprio processo do adolescer. Destaca-se a importância da existência de uma rede de apoio familiar e de pares, assim como a necessidade da família, escola e profissionais de saúde se implicarem no enfrentamento e prevenção da autolesão não suicida. Conclusão: a autolesão não suicida é um fenômeno múltiplo, intimamente relacionado com o ambiente, que merece atenção e cuidado na área da saúde da criança e do adolescente. As questões presentes no processo de adolescer emergem como elementos essenciais para a compreensão e enfrentamento da autolesão não suicida. Por sua característica múltipla, as políticas de enfrentamento e prevenção devem abarcar diversas áreas, como saúde, educação e assistência social. A presença de programas de saúde mental nas escolas faz-se fundamental.