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Imaginário coletivo de enfermeiros em relação ao paciente com diagnóstico de esquizofrenia na Atenção Primária à Saúde

ROSA, D. C. J. Imaginário coletivo de enfermeiros em relação ao paciente com diagnóstico de esquizofrenia na Atenção Primária à Saúde. 111 p. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia (MG), 2018. 

Disponível em: http://dx.doi.org/10.14393/ufu.di.2019.5

Resumo: O trabalho do enfermeiro pode ser considerado imprescindível para a consolidação dos princípios da Reforma Psiquiátrica Brasileira a partir da articulação entre a saúde mental e a Atenção Primária. Contudo, há desafios a serem superados para que seu potencial venha a ser aproveitado ao máximo neste sentido. Um deles se refere à desconstrução de antigos preconceitos relativos à “loucura” que ainda se revelam presentes em diversos segmentos da sociedade, inclusive entre a categoria profissional em questão. Paradoxalmente, também compete ao enfermeiro combater tais preconceitos. O presente estudo parte do princípio de que o conceito de imaginário coletivo, em sua acepção psicanalítica, é capaz de auxiliar a circunscrever preconceitos em geral, em especial por meio da identificação de crenças, imagens e emoções não-conscientes. Objetivo: Assim, buscou-se como objetivo compreender o imaginário coletivo em relação ao paciente com diagnóstico de esquizofrenia por parte de um grupo de enfermeiros que atuam na Atenção Primária. O presente estudo pode ser enquadrado como uma pesquisa qualitativa com método psicanalítico e teve como participantes 15 enfermeiros que atuam na Atenção Primária em uma cidade do interior do Estado de Minas Gerais. Material: O instrumento utilizado foi o Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema. A coleta de dados ocorreu de forma coletiva, sendo que os participantes foram solicitados a desenhar um paciente com diagnóstico de esquizofrenia sendo atendido por um enfermeiro na Atenção Primária e a redigir uma estória sobre seu desenho, dando-lhe um título. Os dados coletados foram submetidos à interpretação psicanalítica buscando-se a captação dos campos de sentido que sustentam o imaginário coletivo dos participantes. Resultados: Foram delimitados três campos de sentido. O primeiro campo, intitulado “Atendo, não nego, encaminho quando puder”, revela que, no imaginário coletivo da maioria dos participantes, parece ocupar lugar central a crença de que o acompanhamento do paciente com diagnóstico de esquizofrenia na Atenção Primária é responsabilidade exclusiva dos profissionais e/ou serviços de saúde supostamente especializados em saúde mental. O segundo campo de sentido, denominado A “super-equipe” de saúde, se organizou a partir da crença de que a equipe de saúde – na qual a maioria dos participantes não se inseriu em suas estórias – representa uma espécie de entidade poderosa, capaz de empreender o adequado manejo do paciente com diagnóstico de esquizofrenia. “O paciente-problema”, o terceiro e último campo de sentido, se organizou ao redor da imagem negativa com base na qual o paciente com diagnóstico de esquizofrenia, de modo preponderante, é representado no imaginário coletivo dos participantes. Tal paciente é visto como alguém que cria problemas devido à sua agitação, agressividade e imprevisibilidade. Portanto, o presente estudo subsidia, especificamente no que diz respeito aos participantes, a demarcação do substrato ideativo-emocional das condutas concernentes ao paciente com diagnóstico de esquizofrenia e à assistência em saúde mental oferecida ao mesmo na Atenção Primária.

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