O corpo adolescente autolesado: como os autores da autolesão não suicida e seus familiares percebem esse fenômeno

LOPES, T. N. O corpo adolescente autolesado: como os autores da autolesão não suicida e seus familiares percebem esse fenômeno. Monografia (TCC) – Universidade Federal da Fronteira Sul – Faculdade, Instituto ou Departamento: Campus Chapecó, Chapecó (SC), 2022. 

Disponível em: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/5644

Resumo: A adolescência, compreendida entre 10 e 19 anos completos, caracteriza-se por um período que demanda uma reorganização mental frente às diversas transformações vivenciadas nesta fase. O adolescente defronta-se com a dificuldade de lidar com elas, suscitando conflitos internos que o sujeitam à prática de ações que comprometam sua integridade física, como a autolesão não suicida (ALNS). A ALNS é definida como um comportamento, repetitivo, no qual se provoca lesões superficiais e dolorosas na superfície do seu próprio corpo. O objetivo do estudo foi compreender como adolescentes que cometem autolesões não suicidas, assistidos por um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi), e seus familiares, decifram seus corpos e que significados atribuem à prática da autolesão. Trata-se de um estudo qualitativo, do tipo exploratório, desenvolvido entre fevereiro e março de 2022. Foram utilizados a entrevista semiestruturada e em profundidade, um formulário sociodemográfico para caracterização dos participantes e o Procedimento de Desenhos-Estórias. Participaram quatro adolescentes e três familiares. As adolescentes relataram suas experiências autolesivas e sentimentos acoplados a elas, como raiva, ansiedade, solidão, medo, alívio e demonstração do sofrimento, culpa e vergonha, e significaram a experiência no contexto familiar e social. Expressaram ambivalências acerca da percepção sobre seus corpos, considerando-os como valiosos e delicados e o desejo de sentir o corte, de usar o corpo como veículo para sua fala, ainda que ele seja violentado. Seus familiares compreenderam a ALNS como uma maneira de regulação das emoções e expressaram preocupação e tristeza pelo ato praticado, além do sentimento de incapacidade para ajudar a adolescente. Este estudo contribuiu à compreensão da prática da autolesão não suicida sob a perspectiva das adolescentes, e de seus pais, e como aquelas a relacionam com seus próprios corpos, apresentando contradições que refletem ambivalências de suas emoções, diante de uma simbolização prejudicada. Este trabalho agrega valor à compreensão científica sobre a ALNS quando captura, além dos autores da autolesão, a percepção dos seus pais e quando apreende a relação entre eles e seu próprio corpo enquanto eventos associados à autolesão.

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