ALMEIDA, K. A. S. L.; HARGREAVES, M. L. L. O Procedimento de Desenhos-Estórias e os entrelaçamentos do individual e do conjugal. In: TRINCA, W. (Org.) Formas lúdicas de investigação em psicologia: Procedimento de Desenhos-Estórias e Procedimento de Desenhos de Família com Estórias. São Paulo: Vetor, 2020, p. 87-106.
O casamento pode ser compreendido como a união de duas pessoas que pode tanto manter um padrão de repetição como elaborar a renovação das subjetividades, ao levar em conta as diferenças entre os parceiros. Assim, o D-E considera aspectos intra e interpsíquicos, sendo uma ferramenta que permite analisar os recursos internos, as heranças inconscientes e a dinâmica vincular do casal. As autoras apresentam a história de um casal, em que a mulher vivenciou dificuldades afetivas nas relações familiares, bem como dificuldades econômicas. Apesar disso, a mulher teve êxito nos estudos e no trabalho. O homem recebeu muita atenção da mãe, e os pais tiveram um longo relacionamento até o falecimento de ambos. Nas unidades de produção do D-E, a esposa demonstrou idealização, aspectos regressivos e inseguranças, mas também indicaram força de vida diante das adversidades. Ela apresentou necessidades de ser cuidada e protegida por seu objeto de amor. As unidades de produção do marido também demonstraram aspectos idealizados, mas, vieram à tona conflitos relacionados à autorrealização e medos em relação às próprias capacidades e aos vínculos. As autoras analisam que a relação conjugal é marcada pela dependência e pelas fragilidades compartilhadas entre eles. A mulher idealizava um parceiro que supriria as necessidades de cuidado, ao passo que o homem procurava uma parceira forte, que o apoiaria na busca pelo desenvolvimento. A partir do D-E, foi possível identificar aspectos que unem ou separam o casal e, com isso, viabiliza-se o fortalecimento do vínculo e a ampliação do conhecimento da intersubjetividade do casal.