MARTÃO, M. I. S.; PRESTES, C. M. F. M. O Procedimento de Desenhos-Estórias em face das vivências emocionais de uma adolescente. In: TRINCA, W. (Org.) Formas lúdicas de investigação em psicologia: Procedimento de Desenhos-Estórias e Procedimento de Desenhos de Família com Estórias. São Paulo: Vetor, 2020, p. 53-65.
Considerando-se que o Procedimento de Desenhos-Estórias (D-E) se configura como facilitador do processo de compreensão da dinâmica psíquica, desde que a interpretação leve em conta todos os dados obtidos e tenha uma visão ampla da dinâmica emocional. É preciso identificar os principais focos conflitivos do sujeito em questão. As autoras utilizaram tanto o D-E como as entrevistas clínicas para analisar o caso a seguir. Trata-se de uma adolescente de 14 anos de idade, que foi abrigada por 12 anos, junto com seus irmãos. Quando os irmãos atingiram a maioridade, ela foi desabrigada com eles, mas estava receosa de retornar à família, após tantos anos sem conviver com a mãe biológica. Ademais, relatava sentimentos de menos-valia, isolamento, tinha baixo rendimento escolar e não tinha projetos de vida. Conforme a análise das autoras, a aplicação do D-E facilitou a adesão à psicoterapia e o estabelecimento do vínculo com a terapeuta, além de evidenciar a dinâmica emocional da adolescente. A partir disso, apontam que, apesar do self fragilizado em decorrência de desamparos vividos no período de abrigamento e das dificuldades emocionais da mãe, a adolescente pôde ter maior aproximação a si mesma. Isso ocorreu justamente pela tomada de consciência de seus recursos e da sua força interior, evidenciados por movimentos da adolescente em direção à própria autonomia, após a saída do abrigo.