CUNHA, A. F. da. O relacionamento entre os irmãos durante a pandemia. 102 f. Monografia (Especialização) – Departamento de Pesquisa e Pós-graduação – Universidade de Taubaté, Taubaté (SP), 2021.
Disponível em: http://repositorio.unitau.br/jspui/handle/20.500.11874/4892
Resumo: Esta monografia teve como objetivo compreender como o relacionamento infantil entre irmãos pode ser impactado durante o isolamento/distanciamento imposto pela pandemia do Corona vírus. Este trabalho foi relevante, pois além de compreender os possíveis impactos na dinâmica familiar e nas relações e vínculos fraternos, possibilitou o entendimento dos desafios enfrentados pelos pais, bem como o conhecimento das estratégias utilizadas nesse período. Além disso, forneceu subsídios para o profissional psicólogo em diversos contextos. Foi realizada uma pesquisa qualitativa exploratória de estudo de caso, com cinco crianças e seu pai, mãe ou responsável. Para tanto, foram utilizados dois instrumentos para a coleta de dados: entrevista semiestruturada e o Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema. Resultados revelaram que, ao longo do período pandêmico, todas as famílias estudadas tiveram mudanças em suas rotinas diárias, ocasionando dificuldade de adaptação na nova dinâmica familiar, no convívio social, no convívio com a família extensa, na perda da rede de apoio, como as escolas, creches e o cuidado diário dos avós, nos hábitos de higiene pessoal e coletiva e na rotina de estudos. Com essas mudanças, as crianças enfrentaram ansiedade, o medo da contaminação, a falta de liberdade, afastamento dos amigos e dos familiares, principalmente dos avós, dificuldades de adaptação às aulas remotas, e o excesso de exposição às telas. Os pais também enfrentaram as dificuldades financeiras, desemprego e a preocupação a vida acadêmica atual e futura das crianças. Como estratégia de enfrentamento, algumas famílias utilizaram jogos, brincadeiras, culinária, divisão das tarefas domésticas e todas as famílias utilizaram os recursos eletrônicos, como os smartphones, tablets, notebook e tv. Foi possível concluir que, apesar de todas as dificuldades enfrentadas, as famílias estudadas aproveitaram tais adversidades e as transformaram, proporcionando uma maior união entre eles e uma boa conscientização da situação familiar e pandêmica, propiciando um ambiente seguro e minimamente adaptado. Em todas as famílias, o relacionamento entre os irmãos foi impactado positivamente, tornando-se mais íntimo e profundo, com poucos momentos de desavenças e diversos momentos de companheirismo e de cuidado mútuo. Esperamos que o conhecimento construído possa contribuir com o trabalho do psicólogo, no consultório público ou particular, na orientação de pais ou responsáveis; em escolas, para auxiliar na elaboração de um programa de orientação a pais, professores e coordenadores pedagógicos, para que as aulas presenciais possam retornar com parcimônia e segurança, e que os efeitos negativos da ausência prolongada das aulas possam ser minimizados e planos de apoio pedagógicos e psicológicos possam ser elaborados e aplicados ao longo da retomada.