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“Perturbado” e “perturbador”: o paciente com transtorno mental em crise psiquiátrica segundo o imaginário coletivo de profissionais de um Centro de Atenção Psicossocial

LIMA, D. M. “Perturbado” e “perturbador”: o paciente com transtorno mental em crise psiquiátrica segundo o imaginário coletivo de profissionais de um Centro de Atenção Psicossocial. 73 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia (MG), 2019. 

Disponível em: http://doi.org/10.14393/ufu.di.2019.1373

Resumo: Conforme o paradigma do cuidado psicossocial, a crise psiquiátrica não deve ser resumida a um acontecimento psicopatológico. Sendo assim, compete preferencialmente aos serviços substitutivos – dos quais o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é emblemático – acolher o paciente com transtorno mental que vivencia tal fenômeno. Na prática, porém, muitas vezes não é isso o que ocorre, em parte devido à dificuldade dos profissionais lotados nestes serviços quanto à operacionalização dos princípios da Reforma Psiquiátrica Brasileira. A noção de imaginário coletivo, em sua acepção psicanalítica, pode proporcionar esclarecimentos a este respeito, uma vez que se refere ao complexo constituído pelos fatores afetivo-emocionais não-conscientes que influenciam as práticas de um determinado público em relação a um certo fenômeno. Objetivo: O presente estudo, portanto, possui como objetivo geral compreender o imaginário coletivo de profissionais de um CAPS acerca do paciente com transtorno mental em crise psiquiátrica. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com método psicanalítico, da qual participaram 10 profissionais lotados em um CAPS de um município do interior do Estado de Minas Gerais. Cada participante, intencionalmente, ocupava um dos cargos existentes no serviço de saúde mental em questão, a saber: (a) médico psiquiatra, (b) psicólogo, (c) farmacêutico, (d) assistente social, (e) enfermeiro, (f) técnico de Enfermagem, (g) auxiliar de serviços gerais, (h) assistente administrativo, (i) enfermeiro responsável técnico e (j) coordenador da instituição. Material: Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema foi o instrumento utilizado, sendo que a seguinte consigna foi apresentada aos participantes: “Desenhe um paciente com transtorno mental que esteja vivenciando uma situação de crise psiquiátrica”. Posteriormente, solicitou-se a cada um deles a elaboração, por escrito, de uma estória sobre o desenho e a criação de um título para a estória, bem como foram realizadas perguntas acerca do desenho ou da estória conforme considerado necessário. A coleta de dados foi executada individualmente e gravada em áudio. O corpus do presente estudo, constituído pelo conjunto do material obtido a partir da utilização do D-E (T), foi submetido à interpretação psicanalítica. Resultados: Foram captados dois campos de sentido: O paciente com transtorno mental em crise psiquiátrica como alguém perturbado e O paciente com transtorno mental em crise psiquiátrica como alguém perturbador. O primeiro campo de sentido indica que, de acordo com o imaginário coletivo da maioria dos participantes, a crise psiquiátrica encerra apenas uma dimensão negativa, pois se caracteriza pela presença de importantes alterações dos pensamentos, dos sentimentos e dos comportamentos. Já o segundo campo de sentido é representativo de crenças em função das quais o paciente com transtorno mental, ao vivenciar uma crise psiquiátrica, incomoda e exaure tanto a família quanto os profissionais que trabalham em serviços substitutivos. Contudo, há muito a ser elucidado no que diz respeito às crenças, emoções e imagens acerca da crise psiquiátrica, de modo que novos estudos sobre o assunto são necessários.

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