ALVES, J. R. A representação familiar de crianças que vivenciaram o processo de adoção em diferentes configurações de família. 123f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), 2018.
Disponível em: http://bdtd.uftm.edu.br/handle/tede/548
A família adotiva vem adquirindo maior visibilidade, e, com as mudanças nas configurações familiares, tornam-se múltiplas as possibilidades de adoção sob diferentes contextos. Objetivo: O objetivo desta Dissertação foi compreender a representação familiar e o amadurecimento emocional de crianças que vivenciaram o processo de adoção a partir do olhar da própria criança. Trata-se de dois estudos de abordagem qualitativa de pesquisa, sendo um estudo uma revisão integrativa da literatura científica e o outro, um estudo de caso coletivo, descritivo, exploratório e de corte transversal. Objetivo 1: Especificamente, o Estudo 1 teve por objetivo conhecer o que a literatura científica, ancorada na perspectiva winnicottiana, tem discutido sobre o desenvolvimento emocional da criança que vivenciou o processo de adoção. Método: As buscas foram realizadas nas bases LILACS, PePSIC e SciELO, no período de 2006 a 2016. Foram analisados, na íntegra, 16 artigos, a partir de critérios de inclusão/exclusão pré-estabelecidos. O perfil predominante foi de estudos de casos e estudos teóricos que abordam atendimentos clínicos realizados com indivíduos em processo de adoção ou que o vivenciaram, ligando aspectos da adoção aos conceitos da teoria winnicottiana. Resultado: Os estudos apontam a importância das relações iniciais para o desenvolvimento emocional de uma pessoa, destacando a importância de um ambiente suficientemente bom, sendo que esse ambiente pode ser oferecido por uma família por adoção que compreenda a necessidade da criança conhecer sua história, e ofereça um ambiente seguro e acolhedor. Destaca-se a importância tanto da preparação dos postulantes à adoção como da criança que adentrará uma nova família. Objetivo 2: O Estudo 2 objetivou investigar a representação familiar de crianças que vivenciaram o processo de adoção em diferentes configurações familiares a partir do olhar da própria criança, além de avaliar o amadurecimento emocional destas. Material e Método: Participaram do estudo cinco crianças e seus respectivos pais por adoção. Utilizou-se, para a coleta de dados com a criança, uma Sessão Lúdica, o Procedimento de Desenhos de Família com Estórias e uma sessão para maior investigação/intervenção sobre os desenhos realizados; além de uma Entrevista Semiestruturada com o casal ou um dos responsáveis. Os dados obtidos foram analisados e interpretados segundo o método da livre inspeção do material a partir do processo compreensivo, sustentados na psicanálise winnicottiana. Resultados: Destacou-se a importância de a criança conhecer e possuir abertura para conversar sobre sua história com seus responsáveis; sendo que, quando há um ambiente acolhedor e seguro e o oferecimento de um espaço terapêutico para a criança, que pode ser obtido na família por adoção, isso possibilita o amadurecimento emocional desta. Constatou-se também que a criança que se encontra há menos de dois anos na família ainda não se percebe pertencente ao grupo familiar, demonstrando, assim, ser esse um processo que vai se construindo ao longo do tempo, passando por diferentes fases. Por fim, constatou-se que a maioria das dificuldades observadas com as crianças não se encontrava ligados à forma como o casal que liderava a família se constituía, mas sim ao universo da adoção, sendo que, independente da configuração de família, a representação familiar estava ligada a forma como as crianças vivenciavam a família e as funções familiares.