ALMEIDA, C. T. M. Vivências e significados do Complexo de Édipo em uma família contemporânea. Dissertação (Mestrado). UNESP, São Paulo (SP), 2018.
Disponível em: http://hdl.handle.net/11449/157074
Objetivo: Buscou-se compreender o exercício da parentalidade e subjetivação nas famílias contemporâneas no tocante à experiência do Complexo de Édipo, a partir da teoria da psicanálise vincular. Atualmente tem ocorrido diversas transformações nas famílias contemporâneas, e considerando que a passagem pela cena edípica possibilita a discriminação de lugares e funções familiares, entende-se que seja necessário compreender este conceito e suas vivências nas famílias atuais. Método: Foi realizado um estudo de caso, com realização de entrevistas semi-estruturadas com dois casais, sendo o casal de avós que exerce as funções principais de cuidados com suas netas e o casal composto pela mãe biológica e o padrasto das meninas, que também participa do cotidiano familiar das crianças. Material: Com as crianças, com 6 e 7 anos de idade, utilizamos o Procedimento de Desenhos de Família com Estórias (DF-E) de Walter Trinca, analisando as relações de amor, ódio, rivalidade, interdição e alianças inconscientes característicos de tal experiência. Resultados: Verificou-se que o exercício da parentalidade é dividido e exercido pelos quatro participantes da entrevista, configurando uma vivência familiar atual em que os papéis parentais não estão delimitados de forma clara, porém para todos os membros da família, a avó representa a principal figura que exerce as funções materna e paterna diante das netas, com estabelecimento de alianças inconscientes e aspectos transgeracionais que configuraram a dinâmica familiar. Percebeu-se que as vivências dos pais e avós com suas próprias elaborações edípicas influenciam de forma significativa a experiência do Complexo de Édipo das crianças. Verificou-se que para que ocorra uma vivência edípica que permita uma triangulação das relações e a possibilidade de uma vida e relacionamentos autônomos ultrapassando as relações narcísicas e simbióticas iniciais realizadas com as figuras parentais, é necessária que seja exercida uma função diferenciadora, não limitada ao gênero ou filiação biológica, que permita o registro das diferenças e separação nas relações intersubjetivas.